terça-feira, 23 de março de 2010

DILEMA DOS PAIS

Ser pai ou mãe é difícil por muitos motivos. Os filhos, pequenos e frágeis precisam de muito mais que proteção física e material. Amor e carinho são ingredientes indispensáveis. Eles passam por vários testes, todos dificílimos e complexos, de pôr em parafusos qualquer um. Meu amigo que acabou de ter seu filho me contou sobre uma situação que ele achou o mais difícil dilema com que ele já teve de lidar, e olha que ele é Pós-doc em Matemática e sua esposa que também vem de uma família de cérebros extraordinários quase entrou em depressão. Só mesmo a avô, com sua sabedoria empírica e o bom senso de alguém que já viu 97 primaveras, pôde resolver.
- O problema é pensarem demais, dizia a senhora, no meu tempo, isso nunca foi um problema, precisava-se de um e apenas pensávamos nos padrinhos de casamento se era menino, do padrinho servia, se menina, usávamos mesmo da madrinha e se o casal não era casado e não tinha padrinhos, lógico, era ver na agenda o santo do dia. A igreja católica é cheia de santos, tem santo pra tudo que você pode imaginar. Deve ser um dividir para melhor reinar, lá no céu, que só visto. Todos eram católicos no meu tempo e por isso nenhuma família recusava um santo. Teve tempos em que os políticos estavam em voga e o povo se apossava dos seus sem o menor remorso, o dono nem era consultado, nessa altura, o pior era ter tirado de político corrupto. Quando passaram-se a estudar os reinados na escola, todos queriam de um rei ou rainha, quem não queria uma majestade lá em casa, e aconteceu o mesmo quando começou o oba oba dos deuses gregos, que maravilha, os velhos tinham inveja dos novos e adotavam alguns para eles mesmos, foi assim que eu peguei o meu. Mas a fase mais interessante foi quando começaram a se popularizar os movimentos reivindicativos e os intelectuais hasteavam a bandeira da revolução, aí surgiram duas facções: as que tiravam dos filósofos, homens de idéias grandiosas criadores das ideologias que escamoteavam os governos que nem eles dirigiriam melhor e os que tiravam dos reacionários, que usavam o ódio dos pobres pelos ricos para angariarem partidários. O boom mesmo foi com a geração dos artistas, nunca vi nada igual. Os que já tinham queriam mudar, claro que as coisas eram mais fáceis para quem ainda não tinha.
Na época dos direitos iguais, tudo mudou, mulheres e homens se juntavam e davam aos seus filhos, na verdade eles sempre deram, mas agora era de maneira mais livre. Um incesto moral, mas a culpa não era de ninguém, cada dia parecia mais, que todos já tinham sido escolhidos; na China, inclusive, os Jonh Lee foram proibidos porque já eram demais. Os que não tinham sido dados às pessoas começaram a ser dados às ruas, às avenidas, aos bairros, até túneis, viadutos e estradas, simples amontoados de betão receberam os seus próprios, por isso entendo o vosso dilema. Agora, até os programas de computador têm um nome: windows 7, Office 2007, Miguel 2.3.7.0.1. Os nomes nunca foram tão ridículos.