terça-feira, 20 de julho de 2010

A verdade sobre Adão e Eva

Nunca aceitei muito bem a estória de Adão e Eva, sempre tive as minhas reservas. Pois se Adão era à imagem e semelhança de Deus, tinha que ser inteligente o suficiente para não se convencer por um argumento tão simples quanto “os nossos olhos se abrirão”. A verdadeira história talvez nunca seja conhecida, mas eu imagino que pode ser a seguinte:
A primeira retificação nessa versão é que não era uma serpente quem seduziu a mulher, mas um papagaio e se pensarmos e um pouco, ele é o único animal capaz de imitar a fala humana, por isso, é mais fácil acreditar num papagaio falante do que numa serpente. Tudo bem que se dá a entender que ela não se arrastava o que nos faz pensar que todas as suas impossibilidades atuais são resultado da maldição, mas se Deus não foi tão cruel com os homens, porque teria sido com o pobre animal? Alguns talvez digam:
- Mas não era a serpente, era o diabo.
Neste caso, ela não devia ser castigada porque estava possuída, com certeza a serpente acabaria bem se os advogados já tivessem sido inventados. Mas o papagaio se saiu melhor já que, apagou completamente os seus vestígios, deixando a serpente como a má da fita.

Ele ouviu uma conversa qualquer sobre uma das frutas do jardim e foi contar à mulher, que curiosa decidiu provar, mas claro, ela sentiu-se arrependida logo a seguir e a única pessoa com quem podia partilhar a culpa era Adão. Aqui começa outra imprecisão interessante, pois para convencer a humanidade da culpa da mulher fabricou-se como sempre se faz "desde que o mundo é mundo" uma narrativa na qual toda a culpa recai sobre a mulher, como se o pobre Adão não tivesse ele mesmo a mínima curiosidade sobre a suposta fruta. Seria mais justo se imaginássemos em vez disso um cenário em que Eva não tivesse convencido o homem tão facilmente como se diz, dizendo por exemplo, que na época ele ainda tinha alguma sensibilidade e quando Eva começou a reclamar que ele não a entendia, não se solidarizava nunca com ela, que sempre fazia tudo sozinha, pois ele era descuidado com a única pessoa que fazia tudo por ele, que não chegou onde chegou sozinho, mas porque ela sempre o apoiara mesmo quando não concordava ou quando as suas idéias pareciam extremamente absurdas e tresloucadas, que estava cansada de levar a relação sozinha há muito tempo e que se ele queria continuar a relação era melhor que começasse a se esforçar e aquele era sem dúvida o melhor momento para fazê-lo se não quisesse começar a procurar outra Eva! Adão não teve escolha e se solidarizou com a mulher. Porém, dizer que apenas isso lhe custou o paraíso é uma saída fácil demais para Adão, pois significaria de novo que a culpa toda foi de Eva criando uma narrativa de culpabilização da mulher desde os primórdios, garantindo desde então o surgimento na história da humanidade de uma espécie de bode expiatório para todos os deslizes masculinos. 

De lá pra cá, sempre que alguma coisa sai errada, Eva é culpada. A Eva de hoje, são as Mães, que quando o filhinho erra, são logo tornadas putas (filho da puta), são as esposas que têm que assumir a responsabilidade de cuidar dos maridos para não serem vistas como más esposas, são as que recebem a culpa pela traição dos seus esposos, porque não foram "esposas suficientes", são as "grandes mulheres" que sempre estão atrás e nunca do lado dos grandes homens, são as irmãs que não merecem as mesmas oportunidades que os irmãos, etc. 

As Evas atuais carregam o peso de uma mulher, acusada injustamente e que se calhar nunca chegou a existir, porquanto a verdade sobre este velho mito ficará por isso mesmo, pela imputação de uma culpa fictícia às mulheres.


domingo, 18 de julho de 2010

Liberdade de mulher



A pílula talvez seja uma das invenções mais importantes para a mulher moderna. Nada melhor do que a liberdade paradisíaca, resultante dessa miraculosa poção da modernidade.
Antes, apenas a mulher arcava com as conseqüências da ausência destes milagres tecnológicos, hoje ela é a maior beneficiada, economizando mais tempo para as suas necessidades estéticas, redescobrindo a beleza e reinventando funções para partes do corpo que antes não serviam para nada mais além da automaticidade materna reforçada por uma política despropositamente secular, usada para justificar a primaticidade dos instintos humanos.
Das mini-saias aos saltos, do simples rímel aos cilicones, a auto-estima feminina foi resgatada. O resultado não são apenas mulheres mais bonitas e mais altas, mas um maior espaço para mostrar que o fogão e o tanque jamais serão seus únicos destinos. Os homens agora se assustam, porque já não competem apenas com uma diligente doméstica, mas com adversários completos, que além de excepcionalmente atraentes provaram, muitas vezes serem mais inteligentes. Enquanto fingem conversar sobre futilidades, deixam os homens convencerem-se de que são mais espertos permitindo-lhes brincar com adjetivos como forte, prático e racional, que nada mais oferecem além de significados vazios e quase nenhuma utilidade. Por fim, encurralam-nos numa patética e subserviente vida, dividida entre a cerveja com os amigos na sexta à noite e o futebol no domingo à tarde. Enfim, chegamos ao ponto em que para tanta mulher tomando a pílula da auto-suficiência, há centenas de homens que ainda contam com a sua diligente doméstica (Amélia). Assim, é claro que faltam homens!
Obs: A foto acima foi retirada do site: http://www.br.taringa.net