Começou a ser
espalhado pelo Brasil o temerário lema do atual governo: “não fale em crise, trabalhe!”.
Contudo, ninguém pode deixar-se enganar pelo que ele esconde.
Ele representa muito
mais do que uma simples frase de efeito, mas aquilo que a burguesia sempre esperou
da classe trabalhadora. Que ela não pare para pensar sobre as condições de
trabalho, que não reflita, não questione e apenas se assujeite às extenuantes jornadas
e aos salários que nem sequer chegam para suprir suas necessidades básicas, em
suma, que assista inerte à redução de direitos conquistados com muita luta. Por
isso espera-se, que as pessoas trabalhem
apenas e não falem em crise, ou seja, não discutam nem se empenhem em
entender a situação política em que o país encontra-se mergulhado.
Não é novidade que desde
há muito tempo uma das estratégias usadas para garantir a máxima domesticação
das pessoas, é submetê-las à um regime no qual sua maior preocupação seja a subsistência,
ou seja, trabalhar apenas para garantirem o suficiente para se manterem vivos e
alimentados até a próxima jornada de trabalho. Esse regime de vida garantiria
que os trabalhadores não ocupassem suas cabeças com coisas como política,
melhores condições de trabalho, reivindicação pela ampliação de direitos, entre
outros.
Tristemente, o
governo atual decidiu de alguma forma, reciclar essa estratégia de
empobrecimento intelectual de toda a classe trabalhadora brasileira ao adotar o
slogan “Não fale em crise, trabalhe!” que esconde na verdade a mesma premissa
dos tempos em que os trabalhadores eram descaradamente escravizados por um
regime de trabalho pensado apenas para mantê-los vivos até a próxima jornada.
A promoção deste
slogan mostra a grande falta de consideração que o governo atual tem pela
classe trabalhadora, sua aliança com o capital fica assim, mais uma vez, clara
e inequivocamente demonstrada. O slogan esconde, ou melhor, deixa à descoberto
de modo descarado e escancarado suas verdadeiras alianças, que não são com os
setores sociais, mas apenas com os empresários.
E por essa razão o governo sustenta em
total desrespeito à classe, levando os trabalhadores a se comportarem como
burros de cargas, que não podem pensar, apenas trabalhar, enquanto isso,
Eles levam a cabo o rebaixamento do
custo da força de trabalho;
Reformam (leia-se reduzem) direitos e
garantias trabalhista conquistadas pela classe;
Mudam as regras para a aposentadoria,
estendendo o tempo de trabalho ao aumentar a idade mínima para aposentar-se;
Comprometem-se com a flexibilização da
CLT, o que garantiria uma precarização ainda maior do trabalho, afrouxando injustamente
os mecanismos de proteção dos trabalhadores para reduzir os custos para os
empresários;
Flexibilizam férias, 13o,
FGTS e jornadas de trabalho, não levando em consideração, que para os
trabalhadores de cidade grandes já são extremamente longas em razão de as
mesmas começarem com a necessidade de acordarem de madrugada para chegarem
pontualmente, pois vivem invariavelmente distante de seus locais de trabalho;
Desmobilizam a luta de movimentos
trabalhistas e criminalizam os movimentos sociais;
Em suma, ao governo não interessa que
os trabalhadores pensem enquanto avança o golpe ao governo democraticamente
eleito e enquanto se trata como papel higiênico a constituição de 1988.