sexta-feira, 27 de maio de 2016

O que se esconde detrás do “Não fale em crise, trabalhe!”

Começou a ser espalhado pelo Brasil o temerário lema do atual governo:  “não fale em crise, trabalhe!”. Contudo, ninguém pode deixar-se enganar pelo que ele esconde.
Ele representa muito mais do que uma simples frase de efeito, mas aquilo que a burguesia sempre esperou da classe trabalhadora. Que ela não pare para pensar sobre as condições de trabalho, que não reflita, não questione e apenas se assujeite às extenuantes jornadas e aos salários que nem sequer chegam para suprir suas necessidades básicas, em suma, que assista inerte à redução de direitos conquistados com muita luta. Por isso espera-se, que as pessoas trabalhem apenas e não falem em crise, ou seja, não discutam nem se empenhem em entender a situação política em que o país encontra-se mergulhado.
Não é novidade que desde há muito tempo uma das estratégias usadas para garantir a máxima domesticação das pessoas, é submetê-las à um regime no qual sua maior preocupação seja a subsistência, ou seja, trabalhar apenas para garantirem o suficiente para se manterem vivos e alimentados até a próxima jornada de trabalho. Esse regime de vida garantiria que os trabalhadores não ocupassem suas cabeças com coisas como política, melhores condições de trabalho, reivindicação pela ampliação de direitos, entre outros.
Tristemente, o governo atual decidiu de alguma forma, reciclar essa estratégia de empobrecimento intelectual de toda a classe trabalhadora brasileira ao adotar o slogan “Não fale em crise, trabalhe!” que esconde na verdade a mesma premissa dos tempos em que os trabalhadores eram descaradamente escravizados por um regime de trabalho pensado apenas para mantê-los vivos até a próxima jornada.
A promoção deste slogan mostra a grande falta de consideração que o governo atual tem pela classe trabalhadora, sua aliança com o capital fica assim, mais uma vez, clara e inequivocamente demonstrada. O slogan esconde, ou melhor, deixa à descoberto de modo descarado e escancarado suas verdadeiras alianças, que não são com os setores sociais, mas apenas com os empresários.
E por essa razão o governo sustenta em total desrespeito à classe, levando os trabalhadores a se comportarem como burros de cargas, que não podem pensar, apenas trabalhar, enquanto isso,
Eles levam a cabo o rebaixamento do custo da força de trabalho;
Reformam (leia-se reduzem) direitos e garantias trabalhista conquistadas pela classe;
Mudam as regras para a aposentadoria, estendendo o tempo de trabalho ao aumentar a idade mínima para aposentar-se;
Comprometem-se com a flexibilização da CLT, o que garantiria uma precarização ainda maior do trabalho, afrouxando injustamente os mecanismos de proteção dos trabalhadores para reduzir os custos para os empresários;
Flexibilizam férias, 13o, FGTS e jornadas de trabalho, não levando em consideração, que para os trabalhadores de cidade grandes já são extremamente longas em razão de as mesmas começarem com a necessidade de acordarem de madrugada para chegarem pontualmente, pois vivem invariavelmente distante de seus locais de trabalho;
Desmobilizam a luta de movimentos trabalhistas e criminalizam os movimentos sociais;

Em suma, ao governo não interessa que os trabalhadores pensem enquanto avança o golpe ao governo democraticamente eleito e enquanto se trata como papel higiênico a constituição de 1988.