Há alguns dias peguei-me pensando a
respeito das ditaduras, é isso mesmo! Não é novidade para ninguém, que o mundo parece estar cheio delas, apesar de algumas
vezes estarem travestidas de democracias, aliás. Uma das grandes proezas destes
sistemas de gerenciamento, é sua habilidade para disfarçarem-se de coisas mais
facilmente tragáveis pela nossa famigerada ignorância, mascarando-se de
liberdades ilusórias, possibilidades de escolha e/ ou igualdade de
oportunidades. Apregoando probabilidades que nunca possuímos, através de
discursos, que utilizam de forma prostitutiva, jargões facilmente transformados
em lugares comuns, quando se aborda o assunto, convertendo ideias como: livre
arbítrio, liberdade de expressão, livre pensamento, participação democrática,
decisões coletivas, etc. em panfletarismos baratos e sem significado algum para
a maior parte das pessoas. Portanto, nossas supostas escolhas não passam de opções
arranjadas de maneira quase conspiratória, de modos que as pessoas possam
convencer-se de que são elas mesmas as fazedoras de suas histórias, quando na
verdade, não passam de reprodutoras de uma filosofia totalmente inteligível,
enquanto são coagidas a acreditar de forma sistemática e compulsória, que suas
convicções sobre escola, profissão, família e outras coisas, são o resultado de
um interessante exercício de reflexão crítica, ou de uma panaceia
introspectiva, esterilizada de estímulos presentes em seus frustrantes
quotidianos. Talvez seja melhor viver assim, pois, alguns de nós, talvez não
conseguissem conceber que nem mesmo o que vestimos seja devido a um direcionamento
prévio de seu senso estético, ou que casamos mais por que aprendemos que este é
um valor importante, do que por termos descoberto o amor de nossas vidas, e
ainda, que querer ser adulto está longe de se relacionar à uma pretensa necessidade
de se tornar responsável por si e pelos seus atos. Finalmente, é pura utopia
achar, que escolhemos objetos, lugares, pessoas e situações simplesmente por gostarmos
delas. O sistema manipula-nos, fazendo-nos acreditar que, o que dizemos são
ideias desenvolvidas por nós próprios, a respeito do mundo, quando na maior parte
das vezes só escolhemos entre as opções que nos são previamente oferecidas.