Provavelmente algumas pessoas se
questionam, sobre a razão de tantos
problemas sociais e frustrações pessoais. Para mim, apenas significa que
precisamos de novos heróis, porque aqueles em que acreditávamos e nos faziam
dormir o sono despreocupado de cadáveres, morreram! Ao termos decidido
procurá-los nos lugares errados, ao perdermos a esperança e a vontade de mantê-los
vivos, afinal, nós lhes dávamos vida em nossos sonhos disparatados de criança,
antes de cometermos o erro de “crescer”.
Passamos a procurar mais longe, deixando de
escolhê-los entre as pessoas do nosso quotidiano, dentre aquelas que faziam
coisas aparentemente simples, mas sobre humanas e aguentavam pacientes nossas
birra e paranóias, com sorrisos
compreensivos diante dos nossos acessos de rebeldia desnecessária e não
desistindo de se sentirem pais, condicionados por um amor quase nunca
recompensado ou reconhecido, continuando a resolver os nossos problemas a
despeito de tudo e arranjando justificações para os nossos piores erros,
poupando-nos pelo máximo tempo possível de assumir responsabilidades.
Eles são, por isso, os nossos verdadeiros heróis,
ainda que nos tenhamos desacostumado a invocá-los e a reconhecê-los. Pensamos
em nós próprios como super-humanos, matando as nossas antes saudáveis utopias,
destruindo voluntariamente aquela antiga vontade de experimentar uma vida
descompromissada com tudo o que não fizesse parte de nossa natureza. Abraçamos
um progresso muitas vezes destrutivo e destituído de subjetividade e depois choramos,
nos perguntando hipocritamente, para onde foram nossos heróis? Aqueles que
negligenciamos por orgulho de uma auto-suficiência confusa e desnecessária, ou
por uma vaidade doentia e narcísica.