O
consumismo parece estar a constituir-se atualmente, como um dos maiores males
da nossa sociedade, rivalizando com problemas como: superpopulação, desemprego,
pobreza extrema, guerras mundiais e toda a sorte de questões, que garantem
sempre uma venda lucrativa para a pomposa “grande mídia”.
Pois
bem, ele parece ser agora, um mal crônico entre nós, já que a impossibilidade
de consumir as porcarias vendidas como produtos essenciais para nossa ridícula
existência é quase sempre vivida com um grande mal-estar, mesmo sendo coisas
totalmente dispensáveis. Não se trata mais de procurar alguém para amar e
partilhar o pouco de romantismo, que nossa sociedade cronicamente materialista
ainda nos deixa experimentar, nem de buscar o companheirismo desinteressado e
altamente desvalorizado de velhos e novos amigos, ou muito menos o afeto
convenientemente tradicional de pais e filhos, enfim, qualquer coisa que tenha
a aparência de gratuitidade. Muito pelo contrário, trata-se de potencializar
uma vida rica em estímulos, mas infelizmente, sem profundidade alguma.
Tira-se-nos aos poucos a
sensibilidade, esvaziando-nos por dentro, dessensibilizando-nos, transformando
todos em corpos inertes, incapazes de experimentar verdadeiras emoções,
substituindo nossa antiga capacidade de nos injuriarmos com o supérfluo, por
quaisquer impressões superficiais, desprovidas de alguma excitação. Fazendo com
que palavras como tesão e adrenalina, percam todo seu sentido, dando lugar a
apatia, ao embotamento das emoções e à diluição da vontade de viver, que via-se
manifestada na conhecida rebeldia incompreendida dos adolescentes, na
marginalidade perigosa dos reacionários e nos posicionamentos necessariamente
polêmicos, virulentos e radicalistas dos movimentos sociais. É isso, deixamos
impavidamente, que este vírus reduza-nos cada vez mais a autômatos reprodutores
de códigos vazios e sem sentido, sobrando apenas uma vida totalmente
disciplinada e nada imaginativa.