quinta-feira, 9 de setembro de 2010

A prostituição do politicamente correto

Que vivemos no tempo do politicamente correto não é novidade para ninguém, afinal somos ensinados desde cedo que, mulheres devem falar baixinho para não parecerem mal-educadas, sentar de pernas cruzadas e vestirem-se de maneira recatada para não serem vistas como vulgares. Enquanto que os homens devem sentar-se de pernas abertas, falar em voz alta e sempre serem promíscuos para provarem a sua masculinidade. As coisas que nos envergonham devem ser tratadas por nomes de eufemismos criativamente pobres, roubados de slogans cheios de preconceitos desnecessários como: Mulheres da vida, homens diferentes, crianças especiais, portadores de necessidades especiais e homens do povo (políticos), enfim, ser politicamente correto é quase sempre a melhor maneira de lidar com as situações, pois, ninguém diz à namorada que é chata ou gorda, dizemos que ela é intensa e especial, ou ao chefe que ele é ignorante, mas que vê as coisas por uma perspectiva inovadora, não se chama o empregado de incompetente, em vez disso diz-se que ele possui um enorme potencial inexplorado e sempre que se quer aumentar a auto-estima dos pobres diz-se que eles fazem parte de uma classe socialmente desfavorecida. Nessa senda, ainda surgem as piadas politicamente corretas, que por algum motivo nunca são engraçadas. Mas o mais interessante mesmo são as críticas, que parecem mais movimentos de apoio, pois, terminam sempre com um lacônico: interessante! Ou vários discursos propositadamente generalizados sobre as opiniões a respeito das maravilhosas idéias semeadas durante aquelas tão proveitosas discussões sobre qualquer coisa.
Imagem retirada do site: http://avidaeocotidianoquelevamos.blogspot.com

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Clima de mudança


Poucas coisas têm mudado tanto as nossas vidas quanto o clima e se aceitarmos o que nos dizem os cientistas devemos a ele a nossa sobrevivência, afinal livrou-nos de animais pré-históricos como os dinossauros. Se não fosse por ele, não gritaríamos tão orgulhosamente que, estamos no topo da cadeia alimentar (esquecendo-nos convenientemente das bactérias) tudo porque sempre tivemos o clima do nosso lado. Porém, modernizam-se os tempos e modernizam-se também os usos que damos aos elementos do clima. Hoje são fonte de energia, material de pesquisa e o melhor de tudo um olho-d'água de inspiradoras justificações. As pessoas atrasam-se por causa da chuva, faltam ao trabalho porque sofreram uma insolação, ou adoecem com a mudança de clima. E é claro, que os políticos não perdem a oportunidade de usá-lo para justificarem as suas campanhas, prometendo terminar o desmatamento ao mesmo tempo em que gastam toneladas de papel em relatórios totalmente desnecessários, ou estabelecendo metas para a redução dos gases de efeito estufa em escritórios com ar condicionado. Recriminando a má distribuição de renda enquanto sorvem a comodidade dos seus opulentos orçamentos.

Entram em bairros pobres com a melhor proteção possível, acenando com sorrisos de falsa devoção, inventando histórias onde eles mesmos são pessoas do povo, de origens humildes, conhecedores das suas desgraças e sensibilizados pela falta de qualquer condição de humanidade. Tudo para assegurarem a simpatia dessas pessoas que na maioria são carentes de tudo. Exploram a ignorância e a humildade dessa classe com promessas que não serão obrigados a cumprir. Distribuem abraços calorosos aos marginalizados, para quem reservam uma polícia cada vez mais severa e uma justiça cada vez menos cega. Culpam os adversários pela seca, pela desertificação e pelo desflorestamento, enquanto agradecem o apoio de algumas corporações com uma modéstia totalmente comprometida. Em dias de chuva exaltam os pequenos agricultores e em dias ensolarados promovem o uso de energias não poluentes. E no final, prometem mudar tanto quanto as estações do ano.