sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Meu amigo gordo

Eu tenho, um amigo gordo, que circula de dieta em dieta, tentando chegar ao corpo iedial. Eu acho que gostaria de dizer-lhe que não existe tal coisa, que é pura ilusão criada por propagandas enganosas, mas ele não acreditaria  em mim, pois tenho o corpo que ele gostaria, então,  quando ele está triste e deprimido por não conseguir subir cinco degraus sem que seu corpo pareça estar a entrar em colapso, eu me sento ao seu lado, solidariamente, fingindo hipocritamente uma dor qualquer, sem peso de consciência, tal como acontece em muitas outras circunstâncias em que essa  falsidade  nos coloca  à salvo da nossa covardia, sorrindo quando queremos chorar, abraçando quando temos uma grande vontade de esganar, ou escondendo os nossos desejos sexuais com cantadas superficiais ou mais triste ainda, aplaudindo discursos xenôfobos  e facistas, justificando essa atitude com um falso racionalismo e desculpas que jamais admitiaríamos de outros. Infelizmente, meu país tambpém está povoado de pessoas parecidas ao meu amigo, que precisam dessa charlatanice para continuarem a viver confortavelmente a sua mórbida ignorância satisfazendo-se com uma palmadinha solidária de vez em quando e deixando-se enganar pela aparente tranquilidade da situação. E como não podia deixar de ser, também tem outros parecidos à mim, com meu senso de humanidade decadente que pensam (se é que realmente são capazes disso) que sua “humilde” hipocrisia é uma questão de bom senso.