quinta-feira, 24 de junho de 2010

Filas, porque vos quero

Não há praga maior do que as filas. Difíceis de controlar, praticamente impossíveis de erradicar, mas têm a sua utilidade, pois fornecem indicadores interessantes sobre um país, elas são de uma proporcionalidade fantástica. Veja que, quanto menos desenvolvido o país, tanto maior a crença da população de que as filas são o melhor exemplo de sociedade organizada.
Elas falam sobre o nível tecnológico do país quando as pessoas preferem acordar quatro horas antes do expediente mesmo se o seu atendimento depende exclusivamente de uma senha eletrônica, ou sobre a ignorância informática da população na hora de fazer a declaração de renda para a Receita Federal. Claro que não podemos esquecer que servem também para fofocar sobre o vizinho que não imagina que é corno graças a demora na fila do ônibus, ou para aumentar a autoestima da menina do caixa do supermercado com xavecos improvisados em cima da lista de compras, enfim, sem elas talvez não saberíamos o que seria beber e fumar socialmente.
As filas também são um bom indicativo de produção, afinal quanto mais tempo as pessoas passam nas filas, menos tempo passam trabalhando e os atendentes conhecem a situação, por isso as filas são longas e demoradas demonstrando a sua solidariedade com os clientes, infelizmente muita gente não compreendem e se exaspera profundamente com a lendária morosidade das filas, esquecem-se que graças a elas, evitam expor-se a situações potencialmente perigosas como a possibilidade de serem seqüestrados na sua própria casa. Elas sempre dizem coisas interessantes: a da padaria, por exemplo, diz que o pão até não é tão bom, mas é barato, a do banco, quanto maior a fila, melhor a política de crédito. Mas não há nada melhor que a do talho, entre uma e outra lição de anatomia para donas de casa, você ainda se deleita com as melhores estórias da vizinhança, entretanto nenhuma é tão irritante quanto a das repartições públicas – onde você espera por horas a fio e quando chega a tua vez sempre falta mais um documento, ou assinatura. Engraçada mesmo é a fila do chapeleiro, e da loja de roupas, todos esperando desesperados pela sua vez de se despir. Poucas são tão disputadas como a do bar, sobretudo se o barman for uma mulher.
Tem também as filas sazonais, por elas podemos dizer em que dia do mês estamos, como as do salário, as das vésperas do natal, páscoa e dia das mães, ou a eleitoral, que normalmente quer dizer que acabou a copa.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

jOGatInA: O lado obscuro do amor


Grande dilema: ou você se gaba e todo mundo te critica por falta de humildade, ou não, e as pedras caem-te em cima por falsidade. Fácil mesmo é ser o camarada que realizou o seu sonho, como se fosse uma daquelas viagens que você faz apenas uma vez na vida. Eu, mais do que ninguém sei que jamais verei "o sonho" realizado, até porque não faria muito sentido - quem havia de querer um sonho materializável? Perderia a graça, deixaria de ser parte dessa bizarrice de apostas, que o universo faz com as pessoas, além de que ele explica muitas coisas. Tal como a diversidade. Imagina, o que seria da diferença se não fosse pela diversidade? E o que seria da diversidada se não fosse pelos sonhos? Por isso eu não deixo de apostar, procurando os melhores cavalos e torcendo para que não me desapontem. Por ora, coloquei tudo no "lado obscuro do amor", uma aposta de longo prazo e a primeira de muitas.