Alguém já ouviu dizer que de louco todo
mundo tem um pouco? Pois bem, azar de quem não tem, pois parece haver uma dose essencial
de loucura por detrás de todas as invenções geniais que conhecemos e usamos, ou
seja, os acessos de loucura de algumas pessoas são muito mais benéficos do que
gostamos de admitir. É só prestarmos atenção para o seguinte: inventores geniais
são muitas vezes considerados birutas, endemoniados e não menos vezes hereges.
Vejamos por exemplo o caso de nomes como Sócrates, que fez questão de garantir
para si mesmo uma morte tão dramática quanto as encenadas nos teatros sobre o
amor trágico, Galileu, oportunamente salvo pela sua covardia, quase queimado
apenas porque reinventou totalmente o significado romântico do pôr-do-sol. A
lista é extensa e continua entre assassinatos cobardes, martirizações
despropositadas e mortes desnecessariamente dramáticas, mas felizmente, mesmo que
essa suposta loucura tenha sido, ou não sancionada pela sociedade, eles
continuam com as suas paranoias que a bem da verdade, garantem-nos um conforto
cada vez maior. E para aqueles que acreditam que isso é apenas balela, pensem
nas descobertas, ou invenções como o TNT, quem em sã consciência tentaria
criá-lo? Porém, apesar de todas as circunstâncias infelizes em que o mesmo surgiu,
hoje, seu criador é patrono da instituição que oferece o prêmio de visibilidade
social mais ambicionado do mundo, o Nobel. Pensem na mente doentia de quem criou
o primeiro avião, do que queria ele escapar? A mim não interessa se foram os
irmãos Wrigth ou Dumond, a ideia vai-me parecer sempre uma grande doidice. Não
dá para esquecer que foi a obsessão de um homem (considerado incapaz de
aprender), que com a invenção da lâmpada ajudou-nos a chegar a atraente ideia
dos passeios românticos à noite, enquanto outro, criou com o celular, uma nova
maneira de se masturbar e nem perguntamos como, quando dispensamos suspiros orgásticos
com quem está do outro lado da linha. E antes disso, quem pensou em usar ondas
de rádio para comunicação, devia ser um esquizofrênico imaginando uma maneira
de conversar com seus fantasmas, ou talvez apenas tentando lidar com sua mania
das perseguições. Não dá para deixar de pensar, que algumas invenções além de
loucas são também perversas, porque pergunto à mim mesmo, de onde Freud tirou a estrutura do aparelho psíquico?
E ainda deixou para outros cientistas a tarefa cabeluda de provarem a
existência do inconsciente. Mas pronto, ele apenas fez algo que os físicos já
estavam acostumados: inventar forças, energias e partículas que não podem ser
observadas senão através dos seus efeitos, uma forma genial de garantir que a sua
loucura seja levada a sério e rendendo como bônus, mitos interessantes, como no
caso de Newton, afinal como alguém vê uma maçã cair e pensa em gravidade? Eu
com certeza pensaria antes em sobremesa. Entretanto, independentemente do que pensamos,
ou acreditamos, todos esses gênios, nos
seus acessos de loucura, muito mais do que na sua genialidade inconsistente,
criaram coisas extraordinárias, obrigando-nos a pensar se talvez não seria mais
útil para a sociedade que aprendêssemos a ser um pouco mais loucos, pois, essa
pode ser a diferença entre um Stephen Hawking genialmente louco e um pobre doente
mental incapacitado, ou entre um Einstein revolucionário e um outro velho
seboso e incompreensivelmente incompetente.
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