domingo, 1 de agosto de 2010

Camuflagem perfeita

Sou como a maior parte da população, um verdadeiro camaleão. Dependendo da companhia eu visto a cor da bandeira. Se estiver com políticos, meus discursos inflamados se prostituem com promessas que nunca se cumprirão. Aproveito falar das minhas convicções partidárias tendo o cuidado de defender sempre os oprimidos, pobres e desintelectualizados espalhados por aí. Faço questão de apoiar leis fascistas camufladas de vantagens para as classes desfavorecidas. Grito hipocritamente em nome de um povo sobre o qual nada conheço e de quem provavelmente fugiria se encontrasse, porque na minha ignorância de cidadão de “primeira” eu sei que eles são perigosos criminosos.
Tenho a certeza de que não me diferencio daqueles falsos intelectuais, que vociferam filosofias de botequim enquanto deixam escapar inadvertidamente o seu desprezo por quem não se instruiu, discutindo irresponsavelmente sociologismos baratos alimentados por teorias sobre quase nada e que se provam por si mesmas há séculos.
Confundo-me no meio de uma multidão preconceituosa, que pensa que deve esconder seus preconceitos sobre si mesma tentando desesperadamente manter atrás da cortina o apartheid em suas cabeças, enquanto desfilam com idéias que contrastam com sua postura quotidiana.
Não sou diferente dos homens que escondem a sua fragilidade por detrás de um cavalheirismo pretensamente machista, ou dos que vivem uma ilusória liberdade, se envenenando diariamente com uma perigosa necessidade de ignorância, assimilando realidades aparentemente irreparáveis e se conformando com um sedentarismo ideológico secular.
Normalmente me sinto uma promessa religiosa, que se cumpre apenas na esperança, porque nunca chega, entretanto, ninguém se desespera, mas sou principal e essencialmente um ser humano e acho que isso diz tudo sobre mim!
Imagem retirada do blog: http://liuleite.blogspot.com.

Nenhum comentário:

Postar um comentário