segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Heróis do ar

É Mentira que os heróis do ar são os pilotos de aviões de guerra, enviados para missões suicidas, com a ideia ridícula de que vão salvar a pátria e proteger a integridade territorial, quando na verdade vão subjugar outros pela força. Estes, mesmo sem saberem, são os vilões, porque os verdadeiros heróis são os passageiros.
Para começar, são os únicos que viajam sem jamais saberem quais são as verdadeiras implicações do que estão a fazer, e quase nunca são informados sobre as probabilidades que existem de que a sua viagem seja apenas de ida. Do enorme grupo da tripulação só conseguem contactos esporádicos com as aeromoças, na hora do lanche, ou quando elas exercem a sua autoridade obrigando as pessoas a apertarem os cintos, endireitar as cadeiras, fechar ou abrir as janelas, e tentando nos fazer acreditar que essas pequenas coisas vão nos manter seguros. Ninguém fala aos passageiros sobre a experiência do comandante, se tem filhos, se estás satisfeito com a sua vida, se tem tendências suicidas ou pior, se sabe que está a ser corneado pela esposa, ou seja, entregamos as nossas vidas nas mãos de um perfeito desconhecido, de quem ouvimos apenas uma voz que faz lembrar um homem desgastado pelos sofrimentos da vida, de cada vez que ele diz um prudente “bem-vindos Srs. Passageiros” apenas depois da descolagem ou aterrisagem. Pelo menos por enquanto essa voz nos dá um mínimo de conforto, mas o que será quando ouvirmos um “olá Srs passageiros”, jovial, que transpire a irresponsabilidade que estamos acostumados a imputar aos jovens? Não sei o que pode realmente acontecer, mas concerteza, os passageiros continuarão a fazer a sua parte. Sujeitar-se ao risco.

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