Ninguém
é mais revolucionário do que um recém nascido, ele não tem medo de nada, é tão
corajoso que lembra os heróis dos filmes épicos, que não se importam com o
risco, apenas vão à luta e praticamente atiram-se às espadas alheias guardando
para si mesmos, apenas a promessa de uma morte honrada e patriótica. Eles
também são um bom exemplo de como deve ser uma verdadeira democracia, onde os
menores são servidos pelos maiores. As pessoas trocam-lhes as fraldas, dão-lhes
de comer e os protegem com uma abnegação admirável, eles sim, exercem o seu
direito à liberdade de expressão e isso talvez seja o mais fascinante, não se
deixam enganar e berram, literalmente sempre que sentem os seus direitos
desrespeitados. Infelizmente, enquanto crescemos, desaprendemos todas essas
coisas e nos deixamos convencer que
deixar de exigir os nossos direitos é falta de educação, ou ficamos melindrados
com justificações incoerentes sobre a prestação medíocre da governança, que se
defende com o nosso desinteresse na participação da vida pública, ou com a
nossa ignorância sobre o funcionamento de algo tão complexo, quanto a máquina
organizativa do Estado, que é com certeza muito diferente de tudo o que estamos
acostumados a gerir, mas quando essa falácia já não é suficiente, nos convencem
que somos especiais e que isso é a única coisa que realmente importa, apenas
para não berrarmos tanto quanto crianças birrentas dispostas a fazer passeatas,
marchas e manifestações que ameaçariam aquilo que eles consideram segurança
pública, que nada mais é do que uma tranqüilidade ilusória, já que tudo que a
mantém depende de uma formatação generalizadas e propositada das nossas cabeças,
algo que é alimentado por uma ignorância crônica e um medo injustificado de berrar
que nem bebês, afinal, eles são o último de exemplo de um verdadeiro revolucionário.
A metáfora desafiadora com que se reveste o texto, retrata bem o pensamento estimulador e desassossego da essência e interesse da narrativa. Mesmo do lado de cá sentimos as amarras e amarguras do lado de lá. A melhor maneira de contribuirmos é do jeito que podemos. Parabéns pelo texto!
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