Meu
amigo que gosta de inventar conjecturas disparatadas para falar sobre as coisas
que acontecem conosco, apareceu-me recentemente, com a filosofia dos legumes,
uma ideia engraçada, mas interessante. Comparou a nossa vida a um prato de
comida e lembrou-me que muitas vezes, enquanto crianças fazíamos a nossa
revolução no prato. Claro que fiquei confuso. Ele percebeu pela minha cara de
peixe estragado e explicou didaticamente o que pensava, começando por me
lembrar como as crianças, geralmente têm problemas com os legumes, elas não
gostam e só comem por causa da ditadura das mães, ou da corrupção dos pais. Mesmo
assim, elas sempre calmas e tentando fazer o menor alarde, separam no próprio
prato o repolho, a cenoura, o espinafre, o tomate, etc., fazendo sua revolução silenciosa,
separando o que gostam, do que não gostam, sem discursos inflamados de
indignação, ou gritos fanáticos contra quem cozinhou. Elas entendiam que é um vício frequente condimentar a comida
com aquelas especiarias e por esta razão não havia muito a fazer senão esperar
ter a oportunidade para separar o que realmente lhe interessava. Por isso,
segundo o meu amigo, devíamos aprender com as crianças e ao invés de passarmos
a vida a gritar histericamente por quase tudo e até por aquelas coisas, que
mesmo mudando não influenciariam ou influenciariam muito pouco nossas vidas,
talvez fosse mais inteligente passar a separar (silenciosamente) os legumes da
nossa vida, em silêncio, sem aquele alarde costumeiro, que na maioria das vezes apenas serve para
chamar atenção da cozinheira tirana.
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