quinta-feira, 5 de abril de 2012

A filosofia dos legumes


Meu amigo que gosta de inventar conjecturas disparatadas para falar sobre as coisas que acontecem conosco, apareceu-me recentemente, com a filosofia dos legumes, uma ideia engraçada, mas interessante. Comparou a nossa vida a um prato de comida e lembrou-me que muitas vezes, enquanto crianças fazíamos a nossa revolução no prato. Claro que fiquei confuso. Ele percebeu pela minha cara de peixe estragado e explicou didaticamente o que pensava, começando por me lembrar como as crianças, geralmente têm problemas com os legumes, elas não gostam e só comem por causa da ditadura das mães, ou da corrupção dos pais. Mesmo assim, elas sempre calmas e tentando fazer o menor alarde, separam no próprio prato o repolho, a cenoura, o espinafre, o tomate, etc., fazendo sua revolução silenciosa, separando o que gostam, do que não gostam, sem discursos inflamados de indignação, ou gritos fanáticos contra quem cozinhou. Elas entendiam  que é um vício frequente condimentar a comida com aquelas especiarias e por esta razão não havia muito a fazer senão esperar ter a oportunidade para separar o que realmente lhe interessava. Por isso, segundo o meu amigo, devíamos aprender com as crianças e ao invés de passarmos a vida a gritar histericamente por quase tudo e até por aquelas coisas, que mesmo mudando não influenciariam ou influenciariam muito pouco nossas vidas, talvez fosse mais inteligente passar a separar (silenciosamente) os legumes da nossa vida, em silêncio, sem aquele alarde costumeiro,  que na maioria das vezes apenas serve para chamar atenção da cozinheira tirana.

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