domingo, 10 de fevereiro de 2013

As dicotomias da vida

Percebi recentemente, que uma das fórmulas mais antigas para se estabelecer diferenças entre os homens é dicotomizando. O processo é simples: o outro é sempre diferente e de preferência o menos interessante, o extremo oposto, por exemplo, se alguém for alto, bonito e inteligente, precisamos desesperadamente que o outro seja mais baixo, mais assustador e de preferência o mais ignorante possível, um kinder ovo de burrice. Fazer isso pode parecer inofensivo, principalmente se pensarmos que na maior parte das vezes bestializamos esses outros para tornar mais fácil assimilar as caricaturas que fazemos de forma paternalista sobre eles, porém nada está tão longe da realidade e saberíamos disso se não nos deixássemos impulsionar de forma incompreensível pela vontade de nos colocarmos sempre acima dos outros. Pensemos nos exemplos do gordo, do feio e do estúpido, em que deixamos de parte por conveniência nossa sensibilidade para tratar de forma quase animal, aqueles que por algum capricho da natureza foram obrigados a desenvolver um medo patológico do espelho, da balança ou de si próprio. Aliás, já nos acostumamos a dizer e ouvir essas coisas, sem nenhum peso de consciência, ou compaixão. Claro que em casos como os de que falei atrás tentamos sempre nos posicionar do lado positivo deste esquema dicotômico, afinal, quantas vezes não nos deleitamos com a descoberta de um fulano que reinventa sua estupidez de formas mais criativas do que nós? Portanto, não há como negar que todos, de alguma forma, já fomos beneficiados por esse famigerado modo de funcionamento do mundo; e sem pensar nas consequências, adotamo-lo com uma passividade irrefletida, sem nos preocuparmos com o fato de que é dessa forma que se criam extremismos mais perigosos como: cristãos versus muçulmanos, primeiro versus terceiro mundo, ricos versus pobres, civilizados versus matumbos; e vários outros, que provocam ódios homicidas e genocídios aparentemente inevitáveis. Por isso, talvez seja altura de começarmos a pensar em termos diferentes, quem sabe esse não é apenas um dos pequenos passos de que precisamos para tornar nosso planeta um lugar melhor?

Um comentário:

  1. Dicotomizando... Meu amigo é extremamente deselegante, com enormes dificuldades de integração social... Ele precisa realmente de melhorar a sua capacidade de comunicação com o uiverso.

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