quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Sendo babaca e homem

      Nos últimos tempos tenho ouvido com frequência, ideias que explicam vários problemas sociais como tendo origem no fato de vivermos numa sociedade que produz pessoas problemáticas, como dá para imaginar, neste caso a culpa nunca é do nosso caráter, mas sempre de uma sociedade que educa de modo racista, machista, homofóbico e por aí fora. Assim até fica fácil justificar todos os problemas recorrendo a clichês e argumentos retóricos para arrazoar sobre atitudes totalmente irresponsáveis.
       Nós homens somos especialistas nisso, aproveitamos retóricas machistas e sexistas para argumentar a favor de nossos erros e babaquices, que incontáveis vezes produzem um sofrimento indesculpável às pessoas que dizemos que amamos.
       Assim, a traição nunca é culpa do cara, já que pode ser facilmente explicada pela educação (ou falta dela). Afinal, crescemos aprendendo que ser homem é entre outras coisas:
      
        Fazer alarde das nossas paqueras irresponsáveis, sem questionar se isso não soaria à desrespeito para a parceira, aliás, dane-se ela, porque eu tenho mesmo é de provar ser macho, deixando claro que meu ego precisa deste esforço desonesto para mostrar aos amigos aquela pose de  fodão, fazendo questão de desconsiderar inclusive os compromissos assumidos com minha parceira.
 
       Flertar com outras mulheres sem pensar no mal-estar que isso causará à relação na qual você entrou voluntariamente.
 
     Tornar o conceito de fidelidade, numa definição abstrata e nebulosa, só válida quando você pode se colocar como vítima.
 
      Defender que todas estas ações são nada mais do que “brincadeirinhas inocentes”, sem verdadeiras implicações. Porém, esta é uma mentira conveniente que esconde jargões igualmente mentirosos e perniciosos como:
 
       “Estas são coisas de homem!”,
       “Homens fazem isso mesmo!”
       “Isso é apenas homens sendo homens!”
 
       Todas estas e outras frases, tentam retirar a culpa pessoal dos homens levando a vítima (mulher) a acreditar que como homens não teriam outra opção que não comportarem-se como “porcos chauvinistas”, exercitando sua capacidade de serem babacas desonestos, porque mesmo que ninguém escolha nascer homem ou mulher, qualquer um escolhe ser uma pessoa melhor, mais honesta e educada com os outros.
       Neste sentido, nós homens precisamos passar a nos responsabilizar por nossas ações sem nos escudarmos em desculpas esfarrapadas que jogam toda a culpa de nossas peripécias inconsequentes e muitas vezes de uma falta de sensibilidade que beira a psicopatia, sobre o fato de sermos homens... e os homens serem assim mesmo!
 
 

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