Nos
últimos tempos tenho ouvido com frequência, ideias que explicam vários
problemas sociais como tendo origem no fato de vivermos numa sociedade que
produz pessoas problemáticas, como dá para imaginar, neste caso a culpa nunca é
do nosso caráter, mas sempre de uma sociedade que educa de modo racista,
machista, homofóbico e por aí fora. Assim até fica fácil justificar todos os
problemas recorrendo a clichês e argumentos retóricos para arrazoar sobre atitudes
totalmente irresponsáveis.
Nós
homens somos especialistas nisso, aproveitamos retóricas machistas e sexistas
para argumentar a favor de nossos erros e babaquices, que incontáveis vezes
produzem um sofrimento indesculpável às pessoas que dizemos que amamos.
Assim,
a traição nunca é culpa do cara, já que pode ser facilmente explicada pela
educação (ou falta dela). Afinal, crescemos aprendendo que ser homem é entre
outras coisas:
Fazer
alarde das nossas paqueras irresponsáveis, sem questionar se isso não soaria à
desrespeito para a parceira, aliás, dane-se ela, porque eu tenho mesmo é de
provar ser macho, deixando claro que meu ego precisa deste esforço desonesto
para mostrar aos amigos aquela pose de
fodão, fazendo questão de desconsiderar inclusive os compromissos assumidos
com minha parceira.
Flertar
com outras mulheres sem pensar no mal-estar que isso causará à relação na qual
você entrou voluntariamente.
Tornar
o conceito de fidelidade, numa definição abstrata e nebulosa, só válida quando
você pode se colocar como vítima.
Defender
que todas estas ações são nada mais do que “brincadeirinhas inocentes”, sem
verdadeiras implicações. Porém, esta é uma mentira conveniente que esconde
jargões igualmente mentirosos e perniciosos como:
“Estas
são coisas de homem!”,
“Homens
fazem isso mesmo!”
“Isso
é apenas homens sendo homens!”
Todas
estas e outras frases, tentam retirar a culpa pessoal dos homens levando a
vítima (mulher) a acreditar que como homens não teriam outra opção que não
comportarem-se como “porcos chauvinistas”, exercitando sua capacidade de serem
babacas desonestos, porque mesmo que ninguém escolha nascer homem ou mulher,
qualquer um escolhe ser uma pessoa melhor, mais honesta e educada com os outros.
Neste
sentido, nós homens precisamos passar a nos responsabilizar por nossas ações sem
nos escudarmos em desculpas esfarrapadas que jogam toda a culpa de nossas
peripécias inconsequentes e muitas vezes de uma falta de sensibilidade que
beira a psicopatia, sobre o fato de sermos homens... e os homens serem assim
mesmo!
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