Este é
um pensamento sobre o qual não costumamos a gastar muito tempo, o que faz parecer
que cada vez nos preocupamos mais em obter receitas, trajetórias já percorridas
e/ou autobiografias para copiá-las, supondo que a recriação dos cenários, ou de
tais rotas nos levará à descoberta novas, vibrantes e diferentes. Porém, quando
muito nos levarão de volta a lugares comuns, àqueles que já conhecemos e que reproduzem
nada mais do que antigas e desnecessárias angústias. Por isso precisamos de
rupturas! De aprender enquanto fazemos e de desaprendermos velhos vícios, pois
isso talvez nos traga algo mais positivo, mesmo que mais trabalhoso. Ao menos,
teremos a certeza de que as angústias que assim se produzem, serão nossas e autênticas.
O segredo, se é que se pode dizer que exista algum, é seguir o “Jurandir” e
esperar que no caminho ele teorize conosco, dando-nos a oportunidade de
descobrir, que não há caminho enquanto não nos dispormos a andar, enquanto não
nos mobilizamos a fazer o passeio que eventualmente nos levará a descobrir os
atalhos, as pedras, as irregularidades do percurso. E assim, caminhar não será
simplesmente isso, mas também um processo artístico, no sentido em que tal como
o escritor, só no fim da sua escrita poderá dizer se criou uma poesia ou um
conto, mesmo que de qualquer forma, não tenha deixado fazer arte. De forma
parecida, nossa corridinha, dificilmente poderá ser algo diferente de uma
caminhada sobre a areia às vezes áspera, às vezes macia, mas que sempre massageia
nossos pés, numa manhã friorenta, ou numa tarde romântica e morna como os
corações daqueles que são nossa companhia nessas corridinhas pela vida, onde descobrimos,
essas coisas que não se deixam seduzir por experiências previamente
biografadas.
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Mais uma vez, agradeço aos meus colegas da Incop-unesp de Assis, pela maravilhosa quarta em que tive a oportunidade de pensar a respeito das muitas caminhadas que venho feito, especialmente ao professor Carlos Ladeia, que despoletou estas e outras reflexes.
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