quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Filosofias de botequim

Sou apaixonado por conversas de botequim, pois são uma boa oportunidade de discutir vários assuntos de maneira muito despojada. Não é por acaso que são conversas de boteco. De vez em quando participo dessas rodas e me masturbo com teorias ridiculamente insólitas e quase sempre me sinto um verdadeiro fundamentalista numa aula sobre como construir sua própria teoria de conspiração. Mais interessante de tudo, é que normalmente é possível saber quem são as pessoas à volta só pelos assuntos que elas escolhem. Solteiros se empenham em falar da sua vida sofisticada, de como prezam a sua independência, escondendo convenientemente a frustração da sua vida solitária. Casados se gabam da pseudo-genialidade dos seus filhos, e parece esquecerem-se propositadamente que o mínimo que se espera de uma criança com 8 anos é que seja capaz de correr, falar e comer sozinha. Divorciados ressaltam orgulhosamente como é bom voltar a ser solteiro e que pagar a pensão para a “Ex” é um pequeno preço pela dádiva da liberdade. Eles mentem descaradamente sobre não desejarem nunca mais voltar a casar.
Infelizmente é quase impossível descobrir sobre o que as mulheres falam, mas com certeza elas debocham da vida patética dos homens tratando de ressaltar como as suas são tão cheias de sentido, e claro, nunca deixam de falar de roupas, sapatos e compras de cada vez que a conversa parece não prosperar.
Os assuntos fazem um rodízio desnecessário e a profundidade da conversa depende diretamente de quantas rodadas já se consumiram, entre uma e outra, dá para ouvir filosofias interessantes sobre os temas mais importantes da nossa sociedade como a diminuição da popularidade do casamento, principalmente desde que os homens descobriram que não precisam casar para copular, e desde que se criaram os bancos de esperma para as mulheres, onde felizmente agora é possível ter filhos que parecem um nú artístico, com todas as qualidades que existem apenas no imaginário feminino (mais inteligentes, mais lindos, mais sensíveis, mais humanos, mais saudáveis, mais etc) e sobretudo, que não sofrem a influência tão destrutiva do pai.

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